Jesus prometeu enviar o Espírito Santo, o outro consolador, ao subir ao céu. Aos seus discípulos, deu uma ordem expressa: “Permanecei na cidade até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Ao ser perguntado sobre o batismo com o Espírito e o tempo do fim, Jesus afirmou: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e até aos confins da terra” (At 1.8). Por que a igreja precisa de poder?
Em primeiro lugar, a igreja precisa de poder para tirar os olhos da especulação teológica para o campo da ação missionária. Os discípulos de Cristo estavam querendo saber sobre os tempos e as épocas, que o Pai tinha reservado para sua exclusiva autoridade. Jesus, porém, desloca a atenção deles para um chamado urgente, uma missão intransferível, um agenda universal, ter testemunha até aos confins da terra. A igreja precisa de poder para levantar os olhos e ver os campos que branquejam para a ceifa. Ela precisa de poder para ter a visão do farol alto. Ela precisa de poder para não ficar trancada dentro de quatro paredes apenas alimentando sua sede de saber sem jamais pôr a mão no arado.
Em segundo lugar, a igreja precisa de poder para perdoar. A agenda missionária passaria inevitavelmente por Samaria. Havia abismos tenebrosos nos relacionamentos entre judeus e samaritanos. Eles se consideravam inimigos irreconciliáveis. Havia uma ferida aberta e uma animosidade imensa entre esses dois povos. Mas, quando a igreja recebe o poder do Espírito Santo as mágoas são curadas, o perdão é oferecido e o Evangelho triunfa. Precisamos do poder do Espírito Santo para perdoarmos uns aos outros. Precisamos do poder do Espírito Santo para não armazenarmos mágoas e ranços no coração. Onde o Espírito de Deus está governando aí prevalece o amor e o poder.
Em terceiro lugar, a igreja precisa de poder para morrer. A palavra “testemunhas” vem de uma palavra grega que significa mártir. Somos chamados a viver e morrer por Cristo. Somos chamados a dar a nossa vida pelo nosso irmão. A igreja é uma comunidade martírica. Só que os estão dispostos a renunciar a si mesmos e tomar a cruz podem ser discípulos do crucificado. Não estaremos prontos a viver para Cristo, se ainda não estamos dispostos a morrer por ele.
Em quarto lugar, a igreja precisa de poder para testemunhar tanto aqui como além fronteira. É um ledo engano pensar que missões é uma obra a ser feita apenas depois que alcançarmos a nossa terra. Jesus não disse que os discípulos deveriam testemunhar primeiro em Jerusalém e depois em Samaria e só então, ir aos confins da terra. Esse trabalho é feito simultaneamente. Devemos testemunhar em nossa Jerusalém e ao mesmo tempo ir aos confins da terra. A igreja deve ser luz para as nações. Seu campo é o mundo inteiro. A visão de Deus é o mundo todo e o propósito de Deus é que todo o evangelho seja pregado por toda a igreja, em todo o mundo, a todas as criaturas.
Em quinto lugar, a igreja precisa de poder para viver em santidade. O poder de Deus tem a ver não apenas com o carisma, mas, sobretudo, com o caráter. Uma vida poderosa produz impacto não pelos dons, mas pelo fruto do Espírito. A igreja impactou o mundo porque pregou o evangelho com vida santa. Eles falavam e viviam. Eles pregaram aos ouvidos e aos olhos. Eles não apenas eram megafones do céu, mas também outdoors de Deus. Eles permaneciam na doutrina dos apóstolos, nas orações e no partir do pão. Entre eles havia amor, comunhão e singeleza de coração. O resultado dessa igreja foi um crescimento sobrenatural. O próprio Deus acrescentava dia a dia os que iam sendo salvos.
Essas marcas não são apenas distintivos da igreja primitiva, mas devem ser também nossa busca mais intensa, nosso ideal mais urgente.